Aluguel de carro: sobre dirigir pela Albânia
Blog | 3 | 30/08/2023
De dentro do guichê da locadora de carros, logo na saída do aeroporto de Tirana, capital da Albânia, o atendente (de nome ainda desconhecido) fuma um cigarro, enquanto confere os dados da nossa reserva. O lugar está cheio, já que todas as locadoras estão concentradas ali na saída.
Há um certa confusão de papéis com maço de cigarro e canetas velhas sobre a mesa, tudo amontoado perto do teclado do computador onde ele consulta os dados.
Após uns bons minutos de espera, ele confirma algumas informações a respeito da nossa reserva e nos explica sobre o aluguel - alerta que o seguro completo, o qual incluímos no aluguel, é o mais indicado; informa que apesar do limite de velocidade indicado nas estradas, não devemos nunca passar dos 100km/h, e que se mantivermos essa velocidade não teremos problemas; caso a polícia nos pare, basta mostrar os papéis e documentos que ele está indicando; por fim, após confirmar que nosso carro escolhido era o menor modelo disponível, câmbio manual e aquele basicão mais em conta, diz que não tem carros assim.
O (ainda sem nome) atendente me explica que é alta temporada na Europa (início de agosto é o auge do verão europeu) e todos os carros estão alugados, mas que vai fazer um upgrade sem custo adicional. Isso significa um carro maior, mais potente e provavelmente automático, ou seja, vai consumir mais combustível.
Para quem nunca alugou carro, isso é bem comum acontecer - você escolhe o modelo mais barato, chega na locadora e eles não possuem o carro disponível, mas fornecem um modelo melhor sem cobrar a mais por isso. Já aconteceu algumas vezes, principalmente em viagens com alta demanda, como é o caso nessa época na Albânia.
Falamos que tudo bem, ele pede nossos documentos e, uma baforada do cigarro e um sorriso depois, ele sai do guichê para nos levar até o estacionamento onde está nosso carro.
Pergunto o nome dele enquanto saímos dali e, com cigarro já pela metade nos lábios, ele diz um nome albanês ininteligível. Digo que não entendi e ele repete, e para não ficar sem graça, finjo que entendo e questiono se ele não vai receber o pagamento remanescente, já que na reserva pagamos apenas um valor online, e o restante pagaríamos no local.
Cumprimentando algumas pessoas, ele anda equilibrando o maço de cigarro, isqueiro, caneta e os benditos papéis nas mãos, enquanto diz “Yes, yes, payment!" e me sinaliza para passar as notas de Euro. Com certo gingado, dobra as notas sorrindo, guarda no bolso e diz que está tudo certo.
Nathara no Blue Eye, na Albânia | Foto: Pelo Mundo a Dois
Minha dúvida e a da Nathara é a mesma: o cara simplesmente vai guardar o dinheiro e não vai anotar em nenhum lugar? Como vão registrar que pagamos tudo e não vão nos cobrar depois?
Eu o chamo (sem arriscar um nome) e pergunto exatamente isso. A resposta é que ele mesmo vai encerrar nosso quando devolvermos o veículo, e para ficar tudo bem ele vai anotar (em um dos vários papéis que segura, pelo visto) que o pagamento foi efetuado, e que vai ficar tudo bem.
Já que ele anda confiante para o estacionamento, continuamos andando atrás dele.
No estacionamento há carros de todas as locadoras, e enquanto olhava as pessoas em volta, ele para em frente ao nosso carro: uma Mercedes que, para mim, que não conheço absolutamente nada de carros, parece ser da década de 90.
Ela é imensa, antiga e mais parece uma barcaça com rodas. Na hora penso no combustível que a droga da banheira deve consumir.
Sorrindo, o funcionário sem nome diz que o carro é velho, mas funciona bem - afinal, é uma Mercedes - e que é melhor para rodar nas estradas do país (faz alguns gestos que dão a entender muita subida pelo caminho).
Como não temos muita escolha, já que nosso roteiro depende do carro, ouvimos as instruções atentamente. O carro é a diesel, um painel imenso (tão grande quanto o carro) e está cheio de avarias.
Filmo o carro e acompanhamos a vistoria, assinamos os papéis (sim, alguns daqueles que o funcionário de nome desconhecido carregava) e fomos para nosso hotel, que ficava a menos de 3 minutos dali do aeroporto.
Saímos dali com algumas certezas (e algumas dúvidas): ter autonomia para viajar sem depender de passeios ou transporte público ou contratado é excelente, e talvez o carro seja melhor para as estradas e cidades que iremos passar; as dúvidas eram se gastaríamos muito mais com combustível do que o planejado, ou se a tal velha Mercedes era mesmo de confiança.
Mas o fato é que alugar um carro na Albânia foi importante para ter autonomia e conhecer melhor os lugares, sem contar o tempo que ganhamos em toda a viagem.
Nossa sugestão?
Se for para a Albânia, alugue um carro, pergunte o nome de quem te atender e, se possível, tente entender o que vão dizer!
Afinal, como foi alugar carro na Albânia? Vale a pena dirigir no país?
Devolvemos o carro, deu tudo certo e não houve cobranças adicionais. No fim das contas, o atendente (aquele, do nome desconhecido) que nos entregou o carro estava certo: dirigir pela Albânia foi melhor com um carro automático (talvez apenas não precisasse ser a barcaça da Mercedes).
Dirigir por lá foi seguro e tranquilo, pois as estradas são boas em quase todo o trajeto entre as cidades que visitamos (Tirana, Gjirokastër, Berat e o litoral da região de Sarandë), mas a atenção que se deve ter é que a maior parte das estradas é de pista simples, sem espaço para ultrapassagens (se você respeita as leis de trânsito, claro).
Quem visitar cidades históricas como Gjirokastër, que possuem ruas de pedra e são construídas sobre montanhas, vai ver que é o único ponto tenso para dirigir pelo pais - são ruas em que passa apenas um carro por vez, com muita rampa e ruas de pedra, que fazem o carro patinar e às vezes nem subir.
Imagina fazer rampa inúmeras vezes com um carro 1.0, em ruas de paralelepípedo molhadas de chuva? Se não fosse um carro potente e automático, talvez a experiência tivesse sido outra (não muito boa).
Se for alugar carro na Albânia, a sugestão é escolher um carro melhor (automático e que seja 1.4 ou mais potente).
Você pode pesquisar aluguel de carros na Rentalcars, Rentcars, Kayak, Livelo, Azul, Smiles e outros sites e aplicativos; encontramos a melhor opção de preços através do Kayak, que nos direcionou para a Final Rentals; foi esse guichê (o da Final Rentals) que procuramos na saída do aeroporto de Tirana e onde pegamos o carro.
Algumas praias possuem estradinhas de terra ou mesmo os estacionamentos com muita pedra e terra, outro motivo pelo qual pode ser importante você pegar o seguro completo do carro.
Outra dica importante: na hora da retirada, filme e tire fotos do carro junto com o pessoal da locadora, e verifique se eles identificaram todos os riscos e avarias com você; faça o mesmo na hora de devolver o veículo e garanta que eles tenham encerrado o contrato sem adicionar custos por danos. Assim você evita problemas, como ser cobrado por algum risco, amassado ou outro dano que já estivesse presente.
O valor da diária de aluguel na Albânia vai variar de R$ 250 a R$ 350 na alta temporada, mas pode ficar na faixa dos R$ 200 a R$ 250 nos demais meses.
Para alugar o carro, foi necessário ter a PID (Permissão Internacional para Dirigir), pois nos pediram a CNH brasileira e a PID. Como não é sempre claro se na Albânia é necessário ter a permissão, nossa recomendação é que leve os dois documentos.
Agora que estamos de volta e fizemos o teste, dá para dizer que vale a pena alugar um carro para dirigir pela Albânia. Espero que com o este texto, sua experiência ao dirigir pelo país também seja boa!
Texto: Vinícius Marchetti
Essa crônica faz parte de uma série de textos em que falo sobre os lugares e experiências que vivi. A ideia é compartilhar um pouco mais do momento e não tanto dar dicas de viagem (mas acho que no fim, é sobre isso também).
Comentários
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Jaqueline
👏👏👏
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Amanda Nunes
Obrigada por partilhar sua experiência, assim colabora para demais viajantes.
Pelo Mundo a Dois
De nada, Amanda!! Ficamos felizes por ajudar!
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