Você é o que deixa entrar na sua vida

Blog | 1 | 1 | 25/02/2021

Se tem uma frase que me lembro desde sempre, é o ditado popular “diga-me com quem andas e direi quem tu és”.

Também ouvi por aí, e não foram poucas vezes, que somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos (o número nessa frase costuma variar, mas a ideia não).

Não importa muito onde nem como eu ouvi isso, mas sim a reação que essa ideia sempre me causou.

Eu não queria dar muita bola quando me diziam esse tipo de coisa. Eu podia até não acreditar muito nisso, mas era mesmo só porque eu não queria que aquilo fosse verdade - ainda mais uma verdade que se aplicasse a mim.

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Foto: Imagem de Artsy Solomon por Pixabay

Não queria acreditar em uma verdade inconveniente para mim

Eu não queria acreditar que as brincadeiras que fazia ou o que eu achava engraçado eram as mesmas dos meus amigos no colégio. Nem queria pensar que falava ou agia de forma semelhante aos meus amigos na faculdade, somente pela influência deles.

Aliás, lembro que, ao entrar em uma grande corporação, costumava me gabar por achar que pensava de forma diferente dos meus colegas de trabalho.

Alguma vez te disseram algo a seu respeito e, na hora, você simplesmente negou e disse “não ter nada a ver”, mas depois aquelas palavras voltavam pra te atormentar? Se bobear você até ensaiou uma resposta para essas pessoas, enquanto falava sozinho na sua casa.

Se você nunca fez isso, acredite, eu já. Racionalizava tudo de forma a ter uma resposta pronta, uma justificativa, algo certo para provar que, não, eu não era esse reflexo das pessoas mais próximas de mim. Ainda mais porque, na maioria das vezes, eu não queria ser esse reflexo. Eu tinha uma outra ideia de quem eu era.

Eu tinha outra ideia sobre quem eu era

Nem sei ao certo o que me fez perceber - vai ver eu reparei que meus trejeitos se pareciam muito com o de alguém próximo, ou que minhas ideias de sonhos e objetivos se pareciam mais com as dos meus amigos do que com as minhas. Ou pode ter sido porque eu não queria mais fazer parte da mesma rodinha de “amigos” que riem de coisas que não faziam mais sentido pra mim.

Apenas sei que, um dia, a minha ficha caiu. Eu estava só arrumando respostas pra mim mesmo, tentando provar o contrário da realidade.

De repente, passei a notar como eu tinha muito a ver com essas pessoas que faziam parte da minha vida, cada uma delas exercendo sua influência quase sempre inconsciente e nem sempre benéfica em mim.

E não só as pessoas, mas também o que eu assistia na TV e tudo mais com que eu tinha contato, todas as coisas que eu permiti fazerem parte do meu dia a dia.

Ali que eu soube que deveria estar mais atento com as coisas que me cercam. Parei de tentar me enganar, de mentir pra mim mesmo.

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Não temos culpa por tudo que nos acontece, mas somos responsáveis

A verdade é que a gente costuma não dar importância pra esse tipo de coisa, porque essas influências são, quase sempre, inconscientes. Elas simplesmente acontecem nas nossas vidas. E é ruim pensar que muito do que nos define parece não ser uma escolha direta.

Afinal, nós somos um mix genético dos nossos pais que, da mesma forma, são um mix dos nossos avós. E tudo isso é natural, é maneira que a natureza trabalha. Nós não escolhemos nada, é apenas a vida acontecendo. E estamos meio que acostumados com essas direções da vida.

Mas amizades que construímos, os livros lidos, os filmes assistidos, as atitudes tomadas e as escolhas feitas são por nossa conta. São nossas escolhas diretas.

E essas escolhas têm sua importância, já que elas nos moldam também. Não dá pra negar que nossa forma de pensar, de criar, trabalhar e de encarar o mundo também são influenciadas por pessoas e coisas próximas de nós.

Não acho que exista nada parecido como uma conta exata de que somos a “média das 5 pessoas mais próximas”, ou que “pensamos semelhante aos ideais dos 3 livros que mais gostamos”, mas nós somos mesmo uma mistura de como nascemos e de como vivemos.

Se não temos controle de muita coisa na nossa vida, também não devemos sentir culpa por elas. Mas somos responsáveis pela forma como vivemos e lidamos com tudo, e somos uma mistura de tudo isso. No primeiro caso, é a vida acontecendo; no segundo, é uma escolha.

E está aí algo que também sempre mexeu comigo (e é essa reação que eu falei antes): eu sou responsável pelas coisas que mantenho na minha vida e pelo modo que vou lidar com elas. E talvez eu tenha deixado muita coisa entrar e ficar, quando deveriam ter saído.

Somos tão bons quanto as coisas que deixamos entrar em nós. Como disse Austin Kleon em um de seus livros, lixo que entra é lixo que sai.

A pergunta é:

o que estamos deixando entrar nas nossas vidas?

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Texto: Vinícius Marchetti

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Jaqueline

Jaqueline

Adorei a reflexão, me peguei matutando sobre minhas escolhas 🤔👏🏽

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