Belezas do Día de los Muertos, no México
Blog | 9 | 12/07/2022
Chegamos em Oaxaca, México, dia 31 de outubro de 2021, um dia após pousarmos no país. Após mais de uma hora de confusão na Central de Autobuses del Norte, principal rodoviária da Cidade do México, e mais umas 6 horas de viagem, já amanhecia quando chamávamos um taxi para nos levar até nosso hotel, na parte central da cidade, mais antiga e turística.
Acabamos no México quase que por acaso, depois da viagem original ser cancelada por conta da pandemia e ficarmos com duas passagens em aberto, sem destino definido. Com o prazo para usar as passagens no fim, escolhemos o México como destino - e poder visitar o país durante essa época do ano nos deixou com a expectativa lá em cima!
Se você não sabe, essa expectativa toda era porque a data é importante no México, pois é quando se celebra a morte (!!!).
Você não leu errado: é a data de celebração da morte. É como se fosse o dia de Finados no Brasil.
Mas a real é que o Día de los Muertos está para o México assim como o Carnaval está para os brasileiros. Sim, é isso! É como eu diria o quão importante é a data para os mexicanos!
E Oaxaca é uma região importante do México - o centro histórico é considerado Patrimônio Cultural pela Unesco, a gastronomia da cidade é famosa mundialmente, com seus chocolates, queijos, mole, tlayudas, tamales, empanadas e o tejate, e os gringos (nos incluo nessa lista) acabam lotando a cidade nesta época do ano.
Mulher como La Catrina, no bairro do Jalatlaco em Oaxaca, México | Foto: Pelo Mundo a Dois
E foi exatamente isso que vimos.
Após um café da manhã reforçado (com direito à pasta de feijão e mix de carnes como acompanhamento), saímos para explorar um pouco e ver como é Oaxaca.
Há um movimento intenso na cidade: turistas enchem as ruas e restaurantes, assim como moradores de outras partes do país que vieram para acompanhar as festividades. Por alguma razão, os turistas estrangeiros não parecem ser a maioria por ali, mas sua presença é facilmente notada já que todos parecem tirar fotos e registrar tudo o que veem pela frente. De novo, estamos incluídos nessa lista.
Vemos crianças e adultos vestidos com todo tipo de fantasia: esqueletos, monstros e até super-heróis, além da tradicional e popular Catrina, a icônica caveira adornada e que chega a ser chique, bela. Mulheres e homens têm seus rostos pintados com a imagem da dama/caveira, andando pelas ruas do centro da cidade num misto de festa e curiosidade com tudo ao redor.
O vento fresco da manhã vai se dissipando e o dia vai ficando quente, o que não impede que crianças mexicanas deitem nas ruas e, com suas fantasias, esperem receber trocados pela atuação. Uma forma inteligente de fazer uma graninha, penso eu.
Crianças e adultos fantasiados nas ruas de Oaxaca, México | Foto: Pelo Mundo a Dois
Andar nas ruas de Oaxaca é um misto de sensações: muitos restaurantes e bares por todas as suas ruas e vielas, a maioria delas liberadas apenas para pedestres. É um lugar histórico, como as construções fazem notar, mas tem algo moderno e espiritual, onde a cultura gastronômica e folclórica mexicana se mescla com o turismo e com as adaptações que os tempos atuais trazem.
Praticamente todas as portas, janelas e estabelecimentos possuem algum tipo de adorno que lembre o Día de Muertos. São flores e altares montados, de várias cores tamanhos, e dispostos por todo lugar, além de pinturas, bonecos de caveiras e bandeirolas, tudo com muita cor e nada macabro ou assustador.
A cidade parece esperar pela festa e pela música dos desfiles que tomam as ruas à noite, e em nada parece ou lembra a morte. Há beleza e cor nas ruas de Oaxaca.
Como parte da tradição do Dia dos Mortos no México é que as almas dos entes que partiram podem voltar e visitar suas famílias, os altares são uma forma de convite e de recepção para eles. E para todos que passam e querem viver aquele momento, tirar um foto ou matar a curiosidade. Acabamos fazendo tudo isso ao mesmo tempo.
Altar do Día de los Muertos, com pães, frutas e refrigerantes | Foto: Pelo Mundo a Dois
Os altares também são cheios de flores, alguns tão coloridos que chegam a doer os olhos, e estão com fotos de pessoas queridas que partiram; suas comidas favoritas, ou vícios em vida, estão todos ali, dispostos em forma de lembrança e de convite. Vejo cigarros e cervejas em um altar. Amendoins, cervejas e frutas em outro - neste último há um retrato em que leio “Dieguito”.
Na hora penso que todos gostam de cerveja e, nesse calor, faz sentido. A essa altura, o calor já batia forte e, assim como Dieguito, gostaria de uma cerveja para me refrescar.
Sentamos em uma mesa de bar em frente ao Zócalo, a principal praça da cidade, e escolhemos a Corona, que está em promoção.
Ficamos tomando nossa cerveja, que esquenta em tempo recorde, e continuamos a olhar o movimento intenso e a admirar as cores na cidade. A mistura de elementos e de vida faz a cidade vibrar com a energia e a alegria está claramente no ar.
Enquanto a Nathara se levanta para comprar uma tiara de flores para usar mais tarde, tomo um gole da minha cerveja e, admirado e feliz por estar ali naquele momento, penso: a morte nunca pareceu tão bela.
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